Uso de compostos ultrapassados causa delaminação do vidro e tira a proteção dos ocupantes do veículo, mas mercado de blindagem automotiva já oferece produtos que não sofrem esse tipo de processo, mantendo a segurança dos usuários por anos
A blindagem automotiva é um item de segurança que ainda gera muitas dúvidas nos consumidores, principalmente sobre a confiabilidade dos produtos empregados e a garantia contra a delaminação do vidro. A maioria dos fabricantes, após dois ou três anos, não assegura mais a resistência dos seus materiais, deixando os usuários expostos. Para solucionar esse tipo de problema, o mercado já disponibiliza vidros blindados com novas tecnologias que não delaminam, dando segurança ao usuário por anos.

Benedito Curto, técnico com 30 anos de experiência no setor de blindagem automotiva, explica que a delaminação ocorre quando há o descolamento das lâminas de policarbonado unidas ao vidro, partes que constituem o pacote balístico de alguns fabricantes. “Como são materiais que possuem propriedades físicas diferentes, estas partes sofrem diferentes reações com o uso diário. Por isso, em muitos casos, o policarbonato se solta e cria bolhas, tirando totalmente a resistência balística do composto”, alerta o especialista. Segundo Curto, é comum ver carros com vidros delaminados nas ruas. Ele afirma que a solução é procurar fabricantes que usam novos compostos e garantia extensa, assegurando uma durabilidade maior desse componente de segurança. “Alguns fabricantes no mercado já possuem tecnologia que não delamina, dando até 10 anos de garantia. Isso sana completamente o problema”, coloca.
“É como comparar uma TV de tubo e uma de LED, a evolução é inevitável”, diz João Santana, proprietário da Piquet Blindagens, de Porto Alegre (RS), comparando o uso do policarbonato e os novos compostos empregados na blindagem de vidros. “Novos fabricantes, que investem em tecnologia e composição superior, já descartaram o uso desse composto, que causa muita distorção com o tempo. Recomendamos marcas que usam F4 ou BJC na composição, oferecendo maior resistência e translucidez durante anos”, coloca o empresário, com cerca de 1.200 veículos já blindados em seu pátio.
Cuidado com a autoclavagem
Algumas empresas oferecem a autoclavagem do vidro blindado delaminado, um processo de reprocessamento em que as camadas voltam a se unir por forças de pressão e temperatura, desaparecendo as bolhas e minimizando os defeitos óticos. “É um processo muito perigoso, onde os polímeros (plásticos) utilizados na fabricação original já sofreram desgaste ao longo do tempo e perderam suas propriedades mecânicas. Além disso, estamos falando em retificar um item de segurança que não pode falhar. Eu sempre faço um paralelo com uma fita adesiva: depois que você cola em algum lugar, se descolar e quiser usar de novo, não fica a mesma coisa, não é mesmo? Imagine isso num produto que deve proteger vidas.”, pondera Curto.

Santana explica que a autoclavagem diminui o nível balístico, além de piorar a visibilidade do motorista. “Em parabrisas, por exemplo, esse processo causa uma distorção de 90%”, afirma.
O vidro blindado é um produto controlado pelo Exército Brasileiro e, para manuseá-lo, a empresa precisa ser credenciada pelo órgão. É importante exigir o Certificado de Registro (CR) da instaladora e, em caso de troca do componente, o Relatório Técnico Experimental (Retex) afirmando que o vidro teve sua composição aprovada pelo Exército.
É interessante ressaltar que um veículo blindado usado ou novo deve ter suas garantias ativas e vigentes. Esta informação pode ser confirmada na blindadora ou no fabricante dos vidros blindados. Em posse destes documentos e certificados atualizados, o usuário pode ter a certeza que está realmente protegido.